No último dia 20, Jaine Maria acompanhou Isaías José da Silva até a UPA de Jundiapeba. “Ele estava com muita tosse, chegando na UPA foi solicitada internação de transferência, porém alegaram que não tinha vagas nos hospitais e por isso teríamos que aguardar, voltei para a casa e deixei o Isaias lá pois, segundo os enfermeiros, seu estado era estável.”
Entretanto, no dia seguinte o quadro de Isaías se agravou. “Meu cunhado foi até a UPA e lhe informaram que o Isaías seria intubado pois seu quadro havia piorado, a família implorou para que ele fosse transferido, já que um dos seus pulmões não estava bom, mas foi dito que tinha mais dois pacientes na nossa frente em situação pior aguardando transferência.”
Lamentavelmente Isaias acabou não resistindo. “Após a postagem na página saiu a vaga, mas o paciente não podia ser transferido pois estava bem debilitado, alegou a equipe da remoção e, por volta das 11 da noite resolveram transferir, porém às 23h50 nos informaram do óbito, sendo que até então ainda não sabíamos o que de fato Isaías tinha. Até quando isso vai acontecer? No RX constou que os pulmão estavam pretos e os médicos não saberem o que o Isaías tinha? A saúde pública de Mogi está uma m… !”
OUTRO ÓBITO
Tânia Oliveira conta que no dia 4 de julho foi com Edna Ramos Leite, sua mãe, até a UPA de Jundiapeba. “Ela estava com falta de ar e dores no peito, todos os sintomas típicos de infarto, porém sem examinar direito o médico já foi dizendo que era ansiedade, no eletro deu alteração e o profissional que fez o exame alertando que minha mãe precisava ser transferida, as enfermeiras classificaram o quadro como de emergência, porém mesmo assim o médico apenas medicou minha mãe e deu alta.”
Nove dias depois Tãnia voltou com a mãe à UPA. “Devido aos medicamentos, nos primeiros dias ela ficou bem, porém na quarta-feira passada após tomar o café da manhã as dores voltaram mais fortes e minha mãe acabou não resistindo”. Tânia se queixa de negligência por parte do médico da emergência. “Aquilo não é médico! Ainda perguntei se ele tinha mãe, se tivesse diagnosticado que minha estava infartando, eu daria um jeito de levá-la até o hospital!”
Mesmo com a dor da perda, Tânia agradece à equipe de enfermeiros. “Foram muito atenciosos, se não fossem eles minha mãe teria partido antes, inclusive o chefe dos enfermeiros praticamente obrigou o médico a por minha mãe na sala da emergência.”
NOTA DA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE
Sempre procurando ouvir os dois lados, o Jornal de Jundiapeba entrou em contato com a assessoria de imprensa da prefeitura de Mogi das Cruzes, que emitiu o seguinte comunicado sobre o caso do paciente Isaias José:
A Secretaria Municipal de Saúde informa que o paciente não faleceu na UPA de Jundiapeba, já que a transferência dele foi realizada via Cross para o Hospital Luzia de Pinho Melo. A pasta solicitou informações à entidade gestora da Unidade de Pronto Atendimento Jundiapeba, que prestou os seguintes esclarecimentos:
“Em 20/07/2024, às 19:49h o paciente deu entrada em nosso serviço com um quadro clínico de dispneia progressiva, baixa saturação de oxigênio e radiografia de tórax que mostrava comprometimento severo do pulmão esquerdo. Evoluiu com deterioração clínica, apesar das medidas iniciais, sendo necessária a intubação orotraqueal e ventilação mecânica, além de hipotensão severa, necessitando de drogas vasoativas. Além das medidas emergenciais, foi iniciado antibioticoterapia, mantido sob monitorização contínua e solicitada vaga em hospital capacitado para dar continuidade ao tratamento.
Nesse ínterim, ainda foi feito acolhimento dos familiares, que compareceram a esta unidade. Quando vaga foi liberada no Hospital Luzia de Pinho Melo, as condições clínicas não permitiam o transporte seguro, sendo mantido sob cuidados na UPA até 22/07, por volta das 22 hs, quando estava em condições para a remoção e foi então transferido para aquele serviço. O paciente apresentava-se em estado grave, porém com sinais vitais presentes. A UPA de Jundiapeba reforça o compromisso com assistência à saúde em sua plenitude, comprometida em fazer todos os esforços para dar a melhor assistência aos usuários do equipamento de saúde. Comprometemo-nos com a saúde, mas acima de tudo com o respeito ao ser humano, e colocamo-nos à disposição para demais esclarecimentos.”
NOTA SOBRE O CASO DE EDNA LEITE
A senhora Edna Ramos Leite passou pela UPA Jundiapeba no dia 4 de julho com sinais e sintomas compatíveis com ansiedade (a paciente tinha históricos de atendimentos em saúde mental).
No 13 de julho, em novo atendimento na UPA Jundiapeba, paciente chegou com relato de dor no peito e falta de ar, tendo sido atendida imediatamente e encaminhada para exames e procedimentos necessários – foram realizados três exames de eletrocardiograma e medicações. Os resultados não indicaram necessidade e internação e a paciente foi liberada com orientação para procurar cardiologista.
Conforme apurado, a mesma faleceu em casa, no dia 17 de julho, às 10h15. Apesar da declaração de óbito indicar infarto agudo, não foi realizada necrópsia pelo SVO.